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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Nota de Esclarecimento


O blog do Grupo está em um período inerte não por acaso.


O Grupo de Estudos Liberdade e Ambiguidade: Compreendendo Beauvoir, que vinha postando seus resumos e apontamentos sobre as reuniões de cada semana está passando por um período de reformulações e amadurecimento interno. Toda essa paralização, que é momentânea, no blog, é fruto de mais um trabalho que estamos fazendo internamente para melhorar o Grupo.

Assim que podermos voltar com as reuniões regulares voltaremos a postar os resumos.

Obrigado.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Resumo " O Existencialismo e a Sabedoria das Nações" - Parte VII

Artigo III: Literatura e Metafísica
da página 79 à 87.

Simone começa falando sobre a dificuldade, na qual ela mesma tinha na juventude, de conciliar literatura e filosofia, pois ela as olhava separadamente. A primeira como um expressar da realidade em âmbito imaginário, a outra como também uma expressão da realidade, só que de maneira concisa e sistemática. Mas Beauvoir acredita que só há uma realidade e que, portanto, literatura e filosofia, como manifestações da realidade, unem-se e mostram o mundo de maneira completa.
De início, a autora preza por mostrar o valor do romance. Este traz consigo o peso das experiências vividas ao empreendimento intelectual. Com isso, inquieta o leitor, o fazendo formar idéias, posicionamentos, situação a qual, diz Simone, nenhuma doutrina sistemática pode substituir.
O verdadeiro romance tem que ter essência livre. Não pode prender-se a formulas ou sistemas. Muito menos seus personagens. A sutileza do seu sentido deve ser mantida para que sua influência profunda não se macule. Portanto, o autor de um romance deve manter-se escondido ao leitor, pois este não gosta de sentir-se propositalmente influenciado. Ele quer concluir independentemente. Para isso, o autor deve ter cautela ao construir o romance, pois este deve encontrar-se estreitamente ligado à experiência realmente vivida, deve ter o teor ambíguo e a opacidade da vida real. Então, a investigação é feita não só pelo leitor, mas pelo autor também. Os dois participam deste processo e o texto dilui-se ao leitor de maneira natural e gradativa. O processo é vivo e instigante a ambos. Assim, o personagem romanesco tem autonomia na trama. Seus atos não são pré-estabelecidos pelo autor. Esta liberdade apresenta-se na relação do romancista aos seus próprios projetos. Deste modo, a obra desenrola-se ao longo do percurso e os sentidos irão remeter-se às primeiras idéias, trazendo novos conflitos ou soluções. Pelas palavras de Simone: “o romance aparecerá como uma autêntica aventura espiritual”.
Depois de demonstrar o valor e de como se desenvolve a obra romanesca, introduz a idéia de que o romance metafísico deve ter em si estas características, pois Simone não defende uma filosofia previamente e sistematicamente constituída e independente, mas compreende-a como compreende o romance: como um desenvolvimento livre e instigador. Cita como exemplo o romance psicológico. Não é preciso falar em Freud ou Ribot para se fazer um romance psicológico, pois a psicologia está no cotidiano das relações vividas no real. Da mesma maneira a filosofia. Ela falará que para se fazer metafísica é preciso ser metafísico. Esta se põe na totalidade do mundo.
Sendo assim, literatura e filosofia ambas estão ligadas, já que ambas são parte deste todo que é o real.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Resumo "O Existencialismo e a Sabedoria das Nações" - Parte VI

Artigo II: O Idealismo Moral e o Realista político
Parte final
Páginas 66 até 77.


Na parte final deste artigo, Simone de Beauvoir prossegue com raciocínio, uma vez que já demonstrou anteriormente, o motivo do realista não chegar a lugar nenhum quando se utiliza do pretexto "de se ultrapassar num passo firme" - palavras utilizadas por ela-, já tendo em vista seu carater oportunista. Contudo esse realista tem noção das consequências de seu comportamento, mas espera escapar, unindo a contradição dos meios e fins.

Numa ação política o indivíduo passa a sua ação de si para a coletividade. O que talvez possa parecer uma perda de individualidade, não é, uma vez que a liberdade de um, passa pela liberdade do outro, mas sem oprimir ninguém, pois então, teríamos uma opressão. A coletividade é formada por os indivíduos que participam desta, onde todos são igualmente reais; o presente é o instante, uma sucessão desses instantes é o futuro, que não é fixo, ao contrário, é transitório; já que depende desses instantes.

O realista enxerga a totalidade como una e reduzida, considerando o futuro algo imutável, um fim fixo aonde se chegar. Nesse aspecto, prossegue Beauvoir, torna-se aceitável sacrificar algumas vidas em nome de uma humanidade, o presente em nome de um futuro; um milhão tendo em vista o infinito. Esse é pensamento do realista que adota um pensamento material e quantitativo, numerando vidas numa pura miragem matemática. Acontece que o valor não é dado pela quantidade, depende de uma decisão humana e matando um milhão, haveria um milhão de mortes de indivíduos únicos e igualmente reais.

O futuro depende do presente de cada um, que é definido pelos projetos do indivíduo, ou seja, presente e futuro estão juntos e unidos nesse projeto, que por sua vez tem a capacidade de definir o presente, já que as ações são moldadas para a realização do mesmo, fazendo que nessa ação contenha o impulso para a realização. Nessa escolha a realidade passa a ter um valor.

Exposto tal pensamento, o político não pode se privar de fazer suas escolhas ( onde não há respostas prontas), e ao estar livre de qualquer tabu ou valores estabelecidos, vai assumir-se como liberdade e será mais autêntico. A moral tem se afirmar na sua verdade e percebendo sua essencialidade, tudo seria submetido à ela; que está longe de ser um conjunto de valores, mas é um movimento que o homem verdadeiramente moral faz por sua conta. Torna-se evidente, que o homem deve se livrar de antigos valores e ao tomar consciencia de si, tomará suas decisões por si só.

Caso tenha-se em mente que na existência humana tudo é contigente, o homem moral deve passar essa contigência ao necessário. Aplicar um sentido nas escolhas, em cada ação deve haver nela mesma sua justificação.

Há uma critica a moral clássica, pois as pessoas apenas acreditam na mesma, não procuram ir ao âmago dela, ou questioná-la. Poucos ousam se libertar dessa moral, pois ao assumir-se como seres livres, aparece a responsbilidade de seus atos e ações. Porém, Simone de Beauvoir acreditava que estaria no tempo do homem assumir sua condição de livre, fazendo a moral ter a sua verdadeira aparência, quando o homem justifica suas ações. O homem nessa situação é mais realista, do que os proclamam ser, a verdadeira realidade é aquela afirmada em suas próprias razões; moral e política neste ponto se fundem. Ao reconciliar moral e política o homem se reconcilia consigo mesmo, contudo é mais uma vez resaltado que ele largará sua antiga segurança.

O idealismo não procura se envolver com os defeitos do indivíduo, porém não existe uma realidade ideal ou pura. O moralista só gostaria de atuar por meios que em si também fossem morais, algo impossível, pois não se pode salvar tudo. Beauvoir salienta que o fim e o meio formam uma única totalidade que não pode ser desfeita, e a cada instante é preciso que seja refeita. Não importa qual decisão política seja tomada, por quem que seja, ela sempre encontrará quem não concorde e quem poderia sair "ferido" em tal decisão.

Termina-se o artigo, afirmando que não se pode fugir da liberdade, pois nessa fuga, acabará por si perder. E ao assumir-se livre, estará efetivamente no mundo, uma vez que este passa a ter um sentido. E por conseguinte será a única política válida: esse movimento do indivíduo para o próximo, não o oprimindo e tendo consciencia de suas escolhas, justificativas e responsabilidade.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Resumo "O Existencialismo e a Sabedoria das Nações" - Parte V

Artigo II – Idealismo moral e realismo político (pág. 56 a 66)

Como percebemos no que foi dito no primeiro resumo, Simone de Beauvoir tem a intenção de expor a visão tanto do moralista quanto do político. A autora demonstra o raciocínio de ambos e em que tentam se fundamentar, ou antes, fundamentar a sua doutrina. Ainda neste texto, como discutimos em grupo, nota-se que Beauvoir ainda não tinha desenvolvido a sua moral da ambigüidade, ou seja, ainda não notara a condição ambígua do homem, fato que só acontecerá no livro Por uma moral da ambigüidade. Desta forma, ainda pode ser usado, na sua reflexão, o termo síntese, no entanto, com ressalvas. Dizemos isso tendo em vista ela construir uma perspectiva de moral que tente conciliar alguns aspectos do moralista e outro do político.

Entre outros pontos que serão comentados no decorrer dos resumos e na compilação e revisão final, tem-se aqui a crítica feita ao argumento do político conservador, reacionário: aquele que se põe contra a revolução. Vale ressaltar que quando Beauvoir chama certo homem de político não é uma referência àquele homem que tem a política por profissão, mas, sim, ao que pretende “elaborar o mundo futuro”. Além disso, ela, por vezes, chama o político de realista. Um dos seus pontos positivos é revertido negativamente, pois ao estar voltado em demasia para o mundo, para as coisas, ele não se volta para si. Coloca seus objetivos como exteriores a ele, sendo-os impostos de fora. Segundo a autora, “nenhuma tradição histórica, nenhuma estrutura geográfica, nenhum facto econômico, podem impor uma linha de acção; constituem somente situações a partir das quais os projetos mais diferentes são possíveis”.

Se o realista ao menos reconhece que o fim é posterior à ação, o utopista, ao contrário, ilude-se com fins inacessíveis, o que o torna um sujeito já, por definição, fracassado. O homem é aquilo que faz de si, ele se constitui por meio de suas ações, ele não está invariavelmente preso a uma natureza humana que delimita o seu modo de agir. Deste modo, fazer uma declaração sem procurar efetivá-la não basta para que ela seja verdadeira, assim como não é admissível o reconhecimento de algo sem luta, sem esforço, sem engajamento. Aqui vemos claramente uma crítica aos colaboracionistas que aceitavam a vitória alemã na Segunda Guerra Mundial, ao consentimento e reconhecimento da supremacia alemã. Neste aspecto, a autora francesa diz que a palavra reconhecimento tem um sentido ambíguo, pois o reconhecimento de um “governo é fazê-lo existir como tal”, “é submissão, adesão, recusa”. Com isso, o primeiro erro do realista político é pensar que a realidade está estabelecida, é, assim, compreender mal a existência.

Para Beauvoir, quando se passa ter consciência da política no sentido de elaboração de um mundo futuro, passa-se a tentar atingir fins válidos que sejam justificáveis; pois se não os forem, serão tais como diversas guerras e revoluções que, no fim das contas, foram vãs, ou pior, foram prejudiciais.

Outro problema do político é que, ao fixar um fim como absoluto, ele pode tender a justificar quaisquer meios como válidos para que se atinja tal fim, o que pode vir a culminar em opressão, pois se tudo é justificado por aquele fim, então o sujeito agente pode fazer o que for necessário para o atingir. Outra consideração importante, também relacionada a meio e fins, é pensar não só o fim como absoluto, mas o próprio caminho a ele, como se tudo já estivesse fixo na história. O problema resultante desta outra maneira de pensar acaba por transformar o político em um “técnico puro”, o qual não tem mais que se importar com a moral, pois seu agir já está condicionado ao mundo objetivo que, na sua visão, já está definido.

Bem, Beauvoir então divide o realismo em dois: o conservador e o revolucionário. O conservador, como já comentamos, tem o caráter reacionário, revestido de uma ideologia burguesa. Esforça-se em colocar o operário como força primitiva de interesse material; pensa compreender melhor do que o próprio proletariado a condição em que este vive, acusando-o de materialismo sórdido. O burguês justifica a não distribuição do capital para todos com o sofisma de que seria uma quantidade tão irrisória que a única coisa que faria seria tornar outros mais miseráveis. No entanto, deve-se perceber que a classe operária não luta para se manter viva, mas para conquistá-la em condições que sejam dignas; não se trata aqui de um complexo de inferioridade, mas, sim, de luta por justiça, por uma reivindicação moral. Simone, dentro deste contexto, faz uma consideração importante: “toda interpretação naturalista de uma atitude política está errada, pois a política começa apenas quando os homens passam a ser valores humanos gerais”. Com isto, Beauvoir diz que ao se colocar em um plano político, o sujeito abandona sua situação individual para transcender ao outro. Não que com isso ele perca sua individualidade, mas passa a ver no outro as possibilidades que se lhe oferecem (para melhores reflexões acerca do tema, ver Por uma moral da ambiguidade). Simone diz, então, que o nosso corpo é a expressão objetiva da nossa existência, é por meio dele que agimos e nos fazemos existir. Em virtude disso, diz não ser absurdo se arriscar para conquistar o que se necessita, não de forma gratuita, mas de modo adquirido, batalhado, onde minha existência se engajou. Ademais, quando se pensa a conquista, a revolução, não se restringe apenas ao seu momento, mas em um incessante movimento de confirmação do que o originou.

Por outro lado, o realista de esquerda, o revolucionário, procura “forças aptas a construir o futuro”. Denunciam os burgueses e afirmam a luta como necessária “para que o homem se realize como transcendência e como liberdade”. A crítica dirigida a ele é que ele pensa o fim como fixo, como separado do meio que é visto como mero instrumento, assim como já comentado. Aqui, a relação entre meio e fim é meramente mecânica. O realista, aqui, não tem escrúpulos em mentir, em caluniar, para atingir o fim desejado, ou antes, determinado. No entanto, ao agir deste modo ele abdica a qualquer confiança e respeito que, porventura, poderia ser dedicado a ele. Portanto, ele se reduz para tentar assegurar um caráter de eficácia, não percebendo que assim reduz a política a um “caráter incoerente e desolador”. Neste âmbito, eles tomam o disfarce de oportunista, ligando-se a inimigos para atingirem suas metas.

domingo, 26 de julho de 2009

Resumo "O Existencialismo e a Sabedoria das Nações" - Parte IV

Artigo II - O idealismo moral e o realismo político (pag. 43 a 56)

No segundo artigo da obra, Beauvoir expõe os posicionamentos dos moralistas e dos realistas no mundo. Moralismo e realismo são duas doutrinas, a princípio totalmente diversas, que desde a antiguidade mantém-se em um conflito que se apresenta como indissolúvel, já que ambas se mostram bem inflexíveis. Moralistas e realistas não concordam com o modo de agir um do outro e não abrem mão de seus respectivos valores.

Beauvoir propõe nesse artigo uma reflexão acerca da possível síntese destes dois princípios. “Acabará a moral por se tornar incapaz de agir sobre o mundo real, e o mundo real por ser despojado de toda a significação moral? Ou, ao contrário, poderão os dois planos em que se desenrola a atividade humana juntar-se e confundir-se?” Os idealistas morais, na visão de Beauvoir, falham por se prenderem demais a princípios universais, absolutos, acabam assim por deixar em segundo plano a realidade que os cercam. Os realistas políticos, por sua vez, subordinam tudo à realidade presente e esquecem a subjetividade humana.Enquanto que os moralistas agem em função de valores intemporais que não valorizam a realidade corrente e não levam em consideração as mudanças que ocorrem no mundo; os realistas políticos priorizam o presente e subordinam todos os seus atos a um fim determinado e imutável que deve ser alcançado a qualquer custo.

sábado, 25 de julho de 2009

Resumo "O Existencialismo e a Sabedoria das Nações" Parte III-

Artigo I: O existencialismo e a sabedoria das nações
Página 32 à 42

A partir de agora a autora faz uma defesa e uma explicitação do pensamento existencialista. Afirma ser o existencialismo um otimismo, pois propõe ao homem não uma condição pré-estabelecida, ou um fim certo em que se deve simplesmente conformar-se a esperá-lo, como acredita a “filosofia da imanência”, mas ao contrário: faz do homem o próprio responsável pelos seus fins e exclui qualquer concepção de Natureza, trazendo consigo uma liberdade fundada no real.
Beauvoir combate também a falsa noção de que o existencialismo é uma filosofia do desespero, ou que seja uma filosofia solipsista. Na verdade, opõe-se a esta idéia e afirma-se como uma “filosofia da transcendência”, ou seja, compromete-se com o outro e com o mundo exterior, move-se em direção a estes. Logo, não despreza o amor, a amizade e a fraternidade, mas diz ser nestas manifestações que o homem encontra o fundamento e o cumprimento do seu ser. Sendo assim, leva também à conclusão de que o existencialismo encara a morte de maneira natural, nem com pesar, nem com um contentamento esperançoso, pois os empreendimentos humanos têm seu valor na liberdade que os envolve. Portanto, a liberdade está acima da morte. Critica a “moral exigente” e diz que nela é que está o pessimismo. Este engoda o homem numa escravidão aos fins, tornando-o um acomodado, pois é mais fácil livrar-se das responsabilidades sobre o agir, que simplesmente aceitar-se como feitor de si mesmo. Logo, o homem é aquilo que escolheu ser, este é senhor de si. Por tal argumentação surgem as contraposições ao existencialismo, fomentadas pelo medo da liberdade. Mas, Simone afirma que tudo isto advém não de um pessimismo ou desespero, mas sim de uma inquietação causada pela “filosofia da transcendência”, pois esta tira o homem do sono do conformismo e lança-o ao comprometimento da luta.
Portanto, finaliza o artigo desprezando qualquer heroísmo hipócrita ou covardia conformista e salienta que o existencialismo nada mais é que uma filosofia que aceita e assume o homem, torna-o autêntico. Assim, simplesmente “confia no homem”.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Viver sem Tempos Mortos - Monólogo sobre Simone de Beauvoir.


O enfoque deste blogger é em dilvulgar o grupo de estudo: Liberdade e Ambiguidade, acerca dos trabalhos referentes ao estudo sobre Simone de Beauvoir, mas nada impede que o blogger também seja um meio para divulgar outras coisas relacionadas à ela, divulgando ainda mais seus trabalhos e quem sabe, fazendo com que mais e mais pessoas se interessem sobre essa filósofa que pode ser tudo, menos desinteressante.

E um post vai além de nossos resumos é o monólogo Viver sem Tempos Mortos, onde Fernanda Montenegro interpretou Simone de Beauvoir. Até onde minhas pesquisas on line conseguiram chegar, a peça ficou em cartaz de 23 de maio a 28 de junho de 2009, no Teatro Sexc Anchieta em São Paulo, dentro do Projeto Caminhos da Liberdade.
O poster da peça é esse aí do lado.

A peça foi inspirada em cartas e em apontamentos autobiográficos da filósofa, e em cena o único elemento cenográfico é uma cadeira preta, aonde Simone (Montenegro) senta-se e em primeira pessoa passa a contar seus importantes momentos de sua tragetória. Boatos sobre uma possível turnê de Viver sem Tempos Mortos foram escutados em múrmurios incertos, fica aqui a minha torcida para que a peça viaje o pais.

O site da revista Bravo! divulgou uma entrevista muito boa com a Fernanda Montenegro, de onde eu tirei essa montagem abaixo. Por uma questão de temática mesmo, apenas colocarei o corpo do texto precedente a entrevista.



Passava um pouco das 21 horas quando, naquele sábado de Aleluia, Fernanda Montenegro disse as últimas frases do monólogo Viver sem Tempos Mortos. Por 60 minutos, a atriz carioca interpretara Simone de Beauvoir (1908-1986) para as 350 pessoas que lotavam o teatro do Sesc em São João de Meriti, humilde e populoso município da Baixada Fluminense. Entre os que aplaudiam, destacava-se Wilson Ademar, negro de 93 anos, sapateiro aposentado, que nunca presenciara uma peça antes. Tão logo tomou conhecimento do espectador inusitado, Fernanda se comoveu e indagou publicamente: "O que o senhor imaginava toda vez que pensava num palco?". Wilson, tímido, respondeu: "Eu não imaginava".

Pois é sobretudo com a imaginação da plateia que a atriz parece contar enquanto incorpora a filósofa e escritora parisiense, ícone do feminismo e parceira de outro célebre filósofo, o existencialista Jean-Paul Sartre. Na mais despojada produção que estrelou em seis décadas de carreira, Fernanda vira Simone sem lançar mão de elementos que remetam fisicamente à personagem. Não há sotaque, não há trejeitos característicos, não há nem mesmo um figurino afrancesado. Com uma camisa social branca e uma calça preta, a atriz senta-se numa cadeira igualmente preta, único objeto em cena, e permanece lá durante toda a montagem, sob um persistente foco de luz. Narra, então, os principais momentos da intensa trajetória de Simone. Fala sempre na primeira pessoa, usando depoimentos da própria romancista, extraídos de livros e cartas.

O monólogo dirigido por Felipe Hirsch, que já percorreu a Baixada e a região serrana do Rio de Janeiro, desembarca agora em São Paulo como parte de um evento maior, batizado de Caminhos da Liberdade. A iniciativa prevê que, antes do espetáculo, o público assista a Uma Mulher Atual, documentário de Dominique Gros sobre Simone, e, depois, participe de um debate conduzido pela socióloga Rosiska Darcy de Oliveira, especialista no legado da filósofa.

De início, Fernanda planejava tocar o projeto com o ator Sergio Britto, que assumiria o papel de Sartre. No entanto, o colega preferiu desistir da empreitada para se dedicar à peça A Última Gravação de Krapp e Ato sem Palavras I. A atriz, que completa 80 anos em outubro, acatou a decisão e prosseguiu sozinha. No percurso, perdeu o marido, o também ator Fernando Torres.

Quem vê Simone discorrer sobre Sartre ao longo do monólogo dificilmente deixa de cogitar que talvez exista um subtexto ali — que talvez Fernanda esteja refletindo sobre o próprio companheiro, um modo delicado de absorver e superar a morte dele. No domingo de Páscoa, a artista recebeu a equipe de BRAVO! para uma conversa de quatro horas.


Link para ler a entrevista da atriz à revista, clique AQUI!

Procurando mais pela net, encontrei dois vídeo da Fernanda Montenegro respondendo a duas perguntas distintas a respeito de Beauvoir durante um debate realizado no Sesc Anchieta, São Paulo, no dia 03 de junho de 2009.






Fontes para este post:
-
Revista Bravo!
-
Guia da Semana
- Os vídeos foram retirados do youtube e a foto do site da referida matéria no site da Bravo!.


- Foto do poster, adquirida por pesquisa no google.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Resumo "O Existencialismo e a Sabedoria das Nações" - Parte II

3. O Existencialismo e a Sabedoria das Nações (Artigo I – pág. 20 até 31)

Ao tratar sobre o amor, Simone de Beauvoir explica que a "psicologia do interesse" seria o "motor" que moveria as relações dos homens. O formalismo fomentaria as relações, mascarando o sentimento que se originaria destas. O senso comum prefere acreditar nas relações como "um jogo de interesses mútos". Quanto às críticas feitas pelo senso comum à falta de otimismo do existencialismo, Simone defende-o mostrando como as pessoas se conformam em viver na má-fé, sem "tomar partido", resignados.

sábado, 18 de julho de 2009

Resumo "O existencialismo e a sabedoria das nações" - Parte I

O Existencialismo e a Sabedoria das Nações. (02 de julho de 2009).

Discussão: Prefácio e Artigo I (O Existencialismo e a Sabedoria das Nações) até a página 20.

1. Prefácio

Um estadunidense preocupa-se em resolver os problemas, enquanto que na França preocupam-se em “equacioná-los”. – Beauvoir nos fala que um estadunidense lhe confessa essa visão. Além de pensar que “o pensamento especulativo não ajuda a viver”, e pelo contrário, dificulta. Mas, ao longo do prefácio, podemos perceber que Beauvoir nos indica que a “praticidade” política (do estadunidense) é indissoluvelmente ligada à moral (e ao pensamento especulativo da filosofia). Ambas tratam “de fazer a história humana, de fazer o homem”. E, por detrás de toda política há uma ética.
Os ensaios que se seguem na obra maior cujo o Artigo I é homônimo procuram defender o existencialismo contra a acusação de “frivolidade e gratuidade”.
“Toda tentativa viva é uma escolha filosófica.” A vida não se separa da filosofia.

2. O Existencialismo e a Sabedoria das Nações (Artigo I – até a pg. 20)

Acusam o existencialismo de “miserabilismo”, e que só mostra a fraqueza do homem, negando: a amizade, a fraternidade e todas as formas de amor. Que este encerra o indivíduo em uma solidão egoísta. Os críticos não se aprofundam no tema e os leitores acreditam nessas coisas “docilmente”. Com o tempo passaram a acreditar em uma natureza humana egoísta, imutável, e “fundou-se mesmo uma moral sobre esta psicologia sumária: inventou-se o utilitarismo que permite conciliar a preocupação do bem público com uma concepção desiludida da natureza humana.” (Podemos lembrar que para Beauvoir não existe propriamente uma natureza humana a priori, e passar a acreditar, sustentar, aceitar como verdade essa “de um homem imundo por natureza” é pura “má-fé”).

OBS: O termo “Sabedoria das Nações” pode ser entendido como “Sabedoria Popular”

Informações: Resumo "O existencialismo e a sabedoria das nações"

Boa dia, tarde, noite ou madrugada.

Vão aqui algumas informações referentes ao novo projeto do "L&A Beauvoir".

Semanalmente deverá ser postado um resumo referente ao que estritamente foi lido e discutido em grupo. Este resumo será escrito por apenas uma pessoa, a qual será escolhida pelo grupo ao fim de cada reunião, de forma que todos possam escrever para o nosso Blog e participar efetivamente do projeto. Não será inicialmente delimitado o número de postagens referentes a este livro, sendo a quantidade relativa ao que o grupo achar mais conveniente, ou seja, haverá tantas postagens de resumo quantas reuniões de estudo sobre o livro.

Ao fim do estudo, será reunido e enviado todo o material para a leitura da Profª Msª Eliana Sales Paiva. Após isso, discutiremos em grupo o que é conveniente tirar, acrescentar ou reformular no resumo. Destarte, teremos um fichamento bem estruturado e organizado que será disponibilizado aos interessados.


Ass: Lucas Barreto Dias.