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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Resumo O Existencialismo e a Sabedoria das Nações - Parte VIII

Artigo III: Literatura e Metafísica.

Simone de Beauvoir começa o artigo ressaltando as diferenças encontradas na experiência de ler um tratado filosófico e um romance. Enquanto o filósofo comunica a sua experiência, ao romancista cabe a tarefa de imaginar uma situação onde esta possa ser posta em prática, ou seja, a ideia filosófica será apreendida no mundo real. O romance fará o leitor reagir e se comover com os acontecimentos antes de ser ater a juízos filosóficos. Para Beauvoir, o bom romance é aquele que não se reduz a fórmulas. O autor de um romance não deve "fazer pressão" no leitor nem forçá-lo a aderir as suas teses. Ele deve convidá-lo a um diálogo livre:

"(...) o romance só se reveste do seu valor e da sua dignidade quando constitui para o autor como para o leitor uma descoberta nova" (BEAUVOIR, Simone de. pág 83-84)

O romance não deve ser manufaturado, nem seus personagens previsíveis. A liberdade do personagem, na verdade, é a liberdade do autor. Ao autor é necessário acreditar no que se está escrevendo a fim de que surjam novas "verdades" à medida em que a história se desenvolve. É necessário correr o risco. O romance psicológico baseado na psicologia teórica falharia porque estaria preso a um sistema e não teria liberdade, sendo trabalhado apenas no plano abstrato. Porém, o romance psicológico, baseado na singularidade da experiência humana nos ensinaria muito mais. Analogamente, Beauvoir explica a relação "Metafísica X Romance". Primeiro, você não "faz" metafísica, e sim você "é" metafísico, se põe no mundo. Todo acontecimento humano tem uma significação metafísica. A literatura serve à metafísica e a metafísica serve à literatura. A alguns autores, sua filosofia é melhor compreendida sob a forma de romance e vice-versa. É o esforço para conciliar o objetivo com o subjetivo - esforço esse usado para exprimir o pensamento existencialista.

O escritor do romance não deve explorar as verdades pré-estabelecidas, mas sim usá-las na experiência, singularmente. Deve-se deixar de lado o caminho estreito que é seguir traços psicológicos ou sistemas filosóficos pré-determinados e deixar que o romance flua. Ao leitor também cabe a tarefa de se deixar levar pelo romance, não se preocupando em decifrar códigos, nem procurar traduzi-lo, esquecendo de somente se deixarem levar pela história. O romance metafísico tem como intuito provocar descobertas e apreender o homem e os acontecimentos humanos nas suas relações com o mundo.