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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Arquivo N - O Segundo Sexo.

Aproveitando que o grupo está a estudar o livro mais famoso de Simone de Beauvoir, lembrei que há algum tempo tinha encontrado no youtube uns vídeos do programa 'Arquivo N' de um especial que eles fizeram sobre justamente o livro O Segundo Sexo em seu aniverrsário de 60 anos de publicação.

Esse especial contém imagens e depoimentos da própria Simone de Beauvoir, por isso é interessante, assim como a polêmica que o livro levantou na época; imagens da atriz Fernanda Montenegro que a interpretou na peça Viver sem Tempos Mortos, assim como seu depoimento e de outras pessoas.

E de certa forma seu relacionamento com Sartre também entra em questão em relação com Sartre e seu engajamento na causa.


Parte 1 de 3:




Parte 2 de 3:



Parte 3 de 3:





Fonte:
*Vídeo: Youtube.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O Segundo Sexo Vol. 1 - Introdução

Introdução ( Parte 2 de 2)

Nesta segunda parte do resumo, encerra a introdução do livro, atentando que a edição utilizada para tal será a edição de 1980, o vol.1 da Editora Nova Fronteira, que vai da página 14 até a página 23.

Voltando um pouco, no final da página 13, Simone de Beauvoir diz que a divisão dos sexos é muito mais um dado biológico do que um momento histórico da humanidade.

A sociedade não pode ser fragmentada em homens e mulheres, uma vez que ambos são necessários para propagação, formar um casal, uma parte é conectada a outra; mas esse conhecimento da necessidade da mulher não a liberta. Ela é sempre a escrava, ou vassala do homem. Há uma dependência da mulher pelo homem.

As leis não são iguais para ambos e quando é, a mulher sai prejudicada. E quando os direitos lhe são reconhecidos, o seu costume adquirido a impede de o exercer concretamente. É como se economicamente o homem e a mulher fossem duas castas, pois eles (os homens) possuem os melhores salários e melhores condições de progredir; algo que ainda hoje ocorre nas empresas, mulheres que desempenham o mesmo cargo que um homem, ganham menos, mesmo realizando o mesmo trabalho.

O homem provém materialmente a mulher, que por meio dessa "proteção" recusa sua liberdade, tornando-se uma coisa em vez de se reivindicar como sujeito; é um caminho mais fácil, uma vez que não há a angustia de uma existência devidamente assumida. O homem constitui a mulher , que por sua vez não reclama uma reciprocidade e se conforma com seu papel de Outro. A dualidade dos sexos vem com um conflito, pois um tenta se coloca como necessário e absoluto para que o Outro exista.

O questionamento de porque a mulher não venceu esse conflito da dualidade dos sexos, porque só agora começam a mudar e se haverá uma mudança que partilhe o mundo com ambos os lados não são recentes. Muitas respostas houveram pelo fato da mulher ser o Outro, mas normalmente dada pelo próprio homem que é parte e juiz, segundo a feminista Poulain de la Barre.

Houveram tentativas de responder o motivo dessa superioridade pela religião, filosofia, literatura. Um exemplo que Beauvoir coloca é que o código romano invocou a imbecilidade e a fraqueza da mulher para que direitos lhe fosse restringido, pois o enfraquecimento da família leva o perigo para os herdeiros masculinos. Santo Agostinho declara: "a mulher é um animal que não é nem firme nem estável." É somente no Século XVIII que Diderot defende que a mulher é, assim como o homem, um ser humano.

Com o desenvolvimento da Revolução Industrial a mulher ganhou mais espaço nas industrias, adquirindo uma certa autonomia, pelo menos económica, fazendo o feminismo sair do âmbito teórico e indo para o económico. Isso fez com que os adversários do feminismo ficassem mais ferozes.

Para defender a propriedade privada a burguesia evoca o fortalecimento da família, ou seja, mulher em casa. E na classe operária os homens tentaram barrar essa liberdade, da mulher como autónoma economicamente, pois elas faziam o mesmo serviço que eles por um preço menor. E agora não era apenas a filosofia ou a religião que os antifeministas evocavam, mas a biologia, psicologia experimental, etc. A máxima "igualdade na diferença" também foi evocada, assim como para os negros nos Estados Unidos; essa pretenso desejo de igualdade só serviu para ocorrer mais desigualdade. As mulheres se tornam inferiores no sentido de que suas possibilidades são menores do que as dos homens. Mas isso deve continuar?

A burguesia enxerga na emancipação da mulher como um perigo a moral e aos seus próprios interesses. Não é apenas economicamente que essa "proteção" assegura aos homens, mas essa "proteção" garante a ideia de sua superioridade. Beauvoir coloca que Mauriac (acreditou escrever) que mesmo a ideia mais brilhante vinda das mulheres vem dos homens, é possível que essas ideias venham de homens, mas muitos homens consideram que suas opiniões vieram de outros.

Nenhum homem é mais desdenhoso e agressivo em relação a mulher do que aquele que duvida de sua virilidade, aqueles que não se sentem intimidados estão muito mais dispostos a tratar a mulher como seu semelhante. Muitos mascaram sua pretensão de se colocar como superior e absoluto, é pois, apenas, a liberdade da mulher que se realiza por ele. Os homens dizem que as mulheres são iguais a eles e que elas não precisam reivindicar nada, do mesmo modo que afirmam que ela não será jamais um homem e que sua reivindicação de nada serve. Um homem pode até ser simpático em relação a mulher, mas não partilha de sua condição de mulher para realmente compreender.

Muito dos argumentos das feministas se perdem em face da polémica. A mulher não é superior ao homem, pois se assim fosse afirmado, o raciocínio cairia no mesmo âmbito vazio do argumento masculino; a mulher não é melhor nem pior, mas igualmente um ser humano, assim como o homem.

É necessário examinar a questão do início, se o homem é parte e juiz, a mulher também o é, porém mais indicadas para falar de si próprias. A má-fé tanto da mulher como a do homem reside na situação em que estão, estarão eles mais ou menos dispostos para procurar pela verdade? Muitas mulheres com seus direitos de ser humanos restituídos, preferem se abster. Contudo, o que virá para as mais jovens e como convém orientá-las?

Não há como se falar de um assunto sem pressupor uma hierarquia de valores e uma descrição objetiva sem um fundo ético. A perspectiva adotada por Beauvoir tenta elucidar. A mulher não será colocada em termos de felicidade, mas sim da liberdade. E para isso ela ( a mulher) será discutida sob diversos pontos de vista: biológico, psicanalítico e do materialismo.