O Segundo Sexo
Capítulo 1 - Os dados da Biologia ( Parte 2)
Páginas 31 - 41
Nesta parte ao qual este resumo se refere, Simone de Beauvoir toma como ponto inicial o processo de fecundação para chegar ao entendimento que tanto macho ou fêmeas terminam por serem escravos de sua espécie, embora cada um tenham suas similaridades, como por exemplo, a função de um zangão é diferente da abelha rainha, mas ambos, em suas particularidades, são condicionados por sua espécie. Podemos dizer o que uma abelha ou um zangão são, pelos dados que a Biologia nos fornece, mas no ser humano, isso torna-se problemático, pois a Biologia não fornece os dados que diga qual seria o verdadeiro lugar da mulher ou do homem na sociedade ou o que eles são.
Tanto o gameta masculino e feminino não possuem privilégios por serem o que são na hora que a fecundação ocorre, ou seja, não há papeis passivos e agressivos, ou um prêmio a mais por ser um ou outro, pois ambos deixam de lado suas respectivas individualidades para tornarem-se um novo ser, se perdendo e superando. Nesse movimento da vida que é perda e superação, um manter para superar e supera mantendo. Esse novo ser criado da fusão entre os gametas masculino e feminino, carrega consigo tanto as carasteristícas do espermatozoide como do óvulo, sendo ele homem ou mulher; levando isso em conta, é interessante observar que num primeiro momento esse novo ser é andrógino, pois não tem determinação de sexo.
Obviamente há deferenças entre o espermatozoide e o óvulo, mas estas são secundarias, como do fato da estrutura de ambos, o primeiro tem a mobilidade como uma de suas características mais marcantes, é o espermatozoide que procura; o óvulo tem já a sua, voltada para a nutrição e proteção do embrião.
Embora uma analogia comportamental entre homem e mulher utilizando as figuras do espermatozoide e do óvulo sejam, um tanto arriscadas, sempre há quem está disposto a correr esse risco. Alfred Fouillée em Le Tempérament et le Caractère, pretendia definir a mulher justamente por seu óvulo e o homem pelo seu espematozoide, o que é estranho se você considerar que tanto homens e mulheres vieram não só de um ou de outro, mas da fusão de ambos. Homem, mulher, macho e fêmea, são variações de uma base comum que se complementam.
Na vida animal, a fêmea e o macho são escravos de sua espécie, para manter a propagação. A rainha de um formigueiro que passa toda sua vida pondo um ovo por segundo até ficar estéril é tão prisioneira como as formigas que cuidam de sua rainha. A abelha rainha tem que desovar incessantemente, as outras trabalhar incessantemente e os zangões as fecundam e depois são assassinatos.
Nem entre as formigas, as abelhas e as térmitas, nem no caso da aranha ou do louva-a-deus, pode-se dizer que a fẽmea escraviza e devora o macho: é a espécie que, por vias diferentes, devora a ambos. (BEAUVOIR, 1989, pag39)
A espécie escraviza a fêmea para a manuntenção e propagação da mesma, mas da mesma forma pune o macho por tentar escapar a essa escravidão, com seu leve esboço de individualidade por meio de sua sexualidade.