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segunda-feira, 19 de julho de 2010

O Pensamento de Direita Hoje: Capítulo 2 ( Resumo)

O ANTICOMUNISTA

Neste capítulo, Simone de Beauvoir tem como intenção mostrar de que modo o anticomunista nega a realidade do proletariado. Basicamente, sua fórmula se opera por meio de diversos reducionismo.

O anticomunista reduz o homem a um subjetivismo que nega sua realidade material, assim como as necessidades advindas daí, não há uma necessidade de certas situações, o que os faz derivar a uma concepção de que o comunismo não passa de uma convergência de vontades movidas por sentimento éticos ou afetivos. Desta forma, tornam, através de um psicologismo, o proletário um ressentido. Com isso, retomam Nietzsche, que diz ser o fraco possuído pelo desejo de vingança, pelo ressentimento.

Scheler, outro defensor da burguesia, aponta no socialismo um ressentimento contra Deus e contra a porção divina que há no homem, e retomando o que diz Rathenau, a noção justiça erguida pelos fracos não passa de inveja, onde querem baixar ao seu nível aqueles que lhes são superiores.

Outros autores tomam uma via psicanalítica e diagnosticam no proletário um complexo de inferioridade; a luta de classes, então, não passa de um profundo instinto de auto-avaliação, que tem início em um frustração que logo dá espaço à neurose e que finda em uma revolução, a qual nada mais é do que uma reação compensatória para seu complexo de inferioridade.

Simone de Beauvoir, logicamente contra tais argumentos, toma como exemplo que recorrerá frequentemente o autor de Sociologie du communisme, Monnerot. Para esse autor, a luta de classes se reduz a um conjunto de reações psíquicas cuja origem é o ressentimento.

Beauvoir percebe a contradição de Monnerot quando ele diz que o ressentimento do proletário é "historicamente necessidade", já que só é necessário o que é real, e se o proletário pode tomar consciência dessa realidade e evocar uma revolução, acaba-se por aniquilar um fundamento válido para tal psicologismo.

O anticomunista se obstina em dizer que a Causa - como chama o comunismo - apenas persegue o poder, que suas intenções são dissimuladas, querem o fim do capitalismo não para o bem comum, para para si próprio. Elevam tal argumento fundado no maquiavelismo.

Assim, o anticomunista reduz todaos os problemas dos homens em questões imaginárias. Então, querem curá-los com doses de ideias, porém, ele não dá um conteúdo concreto para tais ideias, não há aqui uma reflexão sobre a realidade; fazem como os norte-americanos, que tentam convencer de que aquele indivíduo não é um proletário, mas um cidadão americano. Beauvoir, contudo, contesta afirmando que é preciso transformar é a situação em que vivem.

Monnerot compreende o intuito de Marx não como uma preocupação ética, mas como um impulso irracional, enquanto Scheler vê no comunismo um humanitarismo que se ergue sobre um ódio contra a família, o meio e à pátria. Cada qual com sua interpretações, diversos anticomunistas vêem o marxismo sob um fundo religioso que insufla as massas, um domínio sobre as almas: é um messianismo.

Thierry Maulnier questiona porque toda revolução implica em um terror. Aponta as fontes destes no medo e na vontade de poder, dizendo que no fundo inconsciente coletivo se ergue o aparato da justiça revolucionária.

O que podemos ver e que bem expõe Simone de Beauvoir, é que há aqui uma redução do marxismo a um fenômeno psicossociológico sem nenhuma significação, onde buscam apontar o marxismo como uma religião sem divindades e dogmas, mas com sacerdotes maquiavélicos, o que serve de instrumento à Causa.

Por conta de tudo isso, o burguês não consegue compreender como é possível haver intelectuais de esquerda, já que não são nem deserdados e nem manifestam qualquer vontade de poder. Para se salvaguardar a isso, o anticomunista adapta aqui o ressentimento, onde o intelectual de esquerda se sente isolado, não ocupam locais importantes, o que faz com que odeiem a burguesia e a si mesmos.

O anticomunista ainda diz que o intelectual odeia os burgueses, toma deste sentimento apenas o aspecto negativo. Não percebe, porém, que esse ódio é resultado de um sentimento positivo de amor ao povo. O anticomunista só encherga um complexo de inferioridade.

Segundo Monnerot, os comunistas tentavam atrair para a Causa os cientistas que podiam fabricar a bomba atômica. Usavam, então, métodos psicológico e pretextos religiosos, morais e metafísicos. Queriam insuflar um imperativo moral nos cientistas. O anticomunista também diz que para isso os comunistas ofereciam aos cientistas promessas relativas aos seus pontos fracos, sendo tal ação o ponto forte do comunismo. Contudo, diz Simone de Beauvoir, como a exploração dos vícios e fraquezas poderia despertar no cientista um imperativo moral?

Sem respostas, voltam aos argumentos sociológico-psicanalíticos.

Por fim, Beauvoir mostra uma outra teoria, a de Arthur Koestler, em que, baseando-se em uma fisiologia barata, ele diz que o intelectual se vincula à esquerda por uma "fadiga das sinápses". Sua consciência foi tão violentada que os impulsos não mais passam corretamente pelas células cerebrais.

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Este foi o resumo do 2º capítulo do livro "O pensamento de direita, hoje", intitulado de O Anticomunista. Espero que tenha sido claro e eficaz.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O Pensamento de Direita Hoje: Capítulo 1 ( Resumo)

SITUAÇÃO ATUAL DO PENSAMENTO BURGUÊS


Antes de começar o resumo propriamente dito, é preciso salientar uma coisa que a própria Simone de Beauvouir esclarece em sua primeira nota, que para compreender o alcance das várias citações que ela faz e conseguentemente compreender melhor a idéia geral do resumo, é bom ter em mente que para o pensador de direita é o privilegiado que tem verdadeira existência; quando se fala do homem, da civilização é do burguês e da burguesia. Quanto aos não privilegiados, eles são ordinariamente chamado de as massas.

Outro ponto que é importante também salientar é a grande quantidade de personalidades que a autora cita. Alguns nos são bem conhecidos, nem que seja apenas por nome, como: Marx, Lênin, Salazar. Mas outros não os são, como: Klages, Denis de Rougemont, Drieu de la Rochelle, Spengler e por aí vai. Mas o foco do resumo é transmitir a idéia que Beauvoir quis passar com seu texto e não a grande quantidade de nomes que a autora cita.

E lembrando, o texto é de 1955.

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" A verdade é una; o erro múltiplo. Não é por acaso que a direita professa o pluralismo. As doutrinas que o exprimem são bastante numerosas para que sejam todas examinadas aqui seriamente. Mas os pensamendores burgueses - que proíbem a seus adversários de utilizar os métodos de Marx se não aceitam em bloco todo o sistema deste - não vacilam em mesclar com ecletismo as ideias tomadas de um Spengler, de um Burnham,  de Jaspers e de muitos outros. Este amálgama constiyui o fundo comum das ideologias modernas de direita. E é ele o objeto deste estudo" Simone de Beauvoir no prefácio de O Pensamento de Direita, Hoje.
A SITUAÇÃO ATUAL DO PENSAMENTO BURGUÊS

Tudo que é vivo morre, e tudo que começa é natural que se deduza que também haja um fim. Porém, muitos temem o final de uma situação, o burguês tem medo de um dia esse fim que várias civilizações conheceram ele mesmo possa vir a conhecer. É esse pânico de um dia findar-se que pode ser claramente visto em seu próprio pensamento. E para tentar retardar este fim agora pensa a vida em termos de destino e não mais de liberdade.

Há tempos este fim é previsto e tem sido entoado e mais difundido com o fim da Primeira Guerra Mundial, em que o otimismo burguês foi abalado, o 'perigo operário' passou a ser mais notado. No início do século XX, o cenário burguês não era mesmo muito otimista: a livre concorrência e as contradições do capitalismo passaram a ser conhecidas por ele próprio. As crises, as guerras fizeram com que se notasse que não haveria uma nova idade do ouro; a burguesia passa a duvidar de suas próprias ilusões, a prever terríveis apocalipses, misturando sua sorte com a do mundo, com a humanidade inteira. O fim enfim era admitido como uma possibilidade, era a liquidação da burguesia como classe; mas eis que ainda havia uma esperança: o fascimo. Era necessário fazer tudo ou nada.
Mas esse necessário foi em vão, a burguesia amarga a derrota do fascimo; suas dúvidas estão expostas diante de si tirando seu sono. A burguesia não é a civilização e quem não faz parte dela e não reconhece a hegemonia estadunidense, estão prestes a criar uma nova. Agora o burguês sabe responder qual bárbarie seguirá ao seu fim: o comunismo.

Tenha em mente que este texto é de 1955 e o comunismo era a quinta parte do mundo. Hoje, sabemos que o comunismo deixou de estar em ascenção para estar em extinção.

Contra o comunismo a burguesia dispunha ou da bomba ( que era radical demais) ou da cultura ( que é pouco demais). As ideologias de direita contemporâneas são elaboradas sob o signo da derrota, conservando o idealismo e ignorando as resistências do mundo real, negando a luta de classe. O pensmento idealista do burguês é confirmado por sua atitude idealista. O teórico burguês não mais se defende, mas defende-se contra o comunismo, embora sem esperança, pois a morte de seu sistema ele própria já anuncia. Suas justificações são contraditórias, é vítima de si mesmo, mas tenta conservar-se entre os privilegiados, porém não há mais como negar os que não são.

O burguês ocidental tem que admitir o óbvio: não é absoluto, há outros homens no mundo. Como enganar-se sobre a existência destes homens? A burguesia expõe seu pensamento de maneira universal, seus interesses são de todos que estão com ela dividindo o mundo, assim protegendo seus privilégios contra o resto. Na burguesia há os 'os ideólogos ativos' que são intelectuais visto pela própria direita com desconfiança, pois suas criações ideológicas são preservadas por eles com muito afinco e o proletariado desconfia destes por serem burgueses.

A burguesia sente-se desamparada, os estadunidenses tem armas para se defender, na Europa é preciso mais, é preciso ter um pensamento que faça os outros defenderem os interesses dela, como se fosse deles próprios. Para o pensador burguês é melhor que a humanidade seja condenada do que se pôr em discussão.