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domingo, 5 de dezembro de 2010

O Segundo Sexo Vol I - Capítulo 1

Os dados da Biologia
Beauvoir inicia o presente capítulo nos apresentando o significado que o termo “mulher” recebe e que nesse caso ecoa aos quatros cantos como um insulto, uma ofensa, uma vez que o termo “fêmea”, ao contrário do termo masculino que enaltece a figura do homem, acaba por confinar a mulher em seu próprio sexo.Assim, Beauvoir lança-nos as seguintes questões: “Que representa a fêmea no reino animal? E que espécie singular de fêmea se realiza na mulher?”. A partir daqui a filósofa fará uma analise acerca da questão da diferenciação entre macho e fêmea no âmbito da biologia.

Segundo a biologia, a divisão dentro da espécie entre machos e fêmeas acontece com a finalidade da reprodução e conseqüente perpetuação da espécie. Entretanto, isso não ocorre de maneira geral na Natureza, o que se observa é que por diversas vezes os seres existentes na Natureza se reproduzem assexuadamente (esquizogênese, blastogênese, gemiparidade, segmentação, partenogênese). Em muitos casos, os indivíduos se reproduzem infinitas vezes e em nenhum desses casos se percebe algum tipo de degenerescência; isso posto, fica claro que nesses e em outros casos a presença de um macho se mostra inútil: “A biologia constata a divisão dos sexos, mas embora imbuída de finalismo, não consegue deduzi-la da estrutura da célula, nem das leis da multiplicação celular, nem de nenhum fenômeno elementar.”. Sendo assim, a existência de gametas heterogêneos não são suficientes para definir dois sexos distintos, uma vez que pode ocorrer que as células geradoras pertençam a um mesmo indivíduo, como no caso do hermafroditismo.

Para Santo Tomás, a mulher representaria tão somente "um acidente da sexualidade", posto que ele a considera como um ser ocasional; para Hegel, é na sexualidade que o indivíduo se atinge como gênero, é na sexualidade que os indivíduos definem os sexos e suas relações, sem, contudo, implicar na natureza do próprio homem. Para Merleau-Ponty, a existência na representa um fato casual, representa sim o movimento pelo qual os fatos passam a ser assumidos. No Ser e Nada Sartre contraria a tese de Heidegger que afirma que a existência humana se encontra ligada à morte em função de sua finitude; para Sartre, seria possível conceber uma existência infinita do homem, entretanto, ao considerarmos o homem como imortal ele já não seria mais homem tal qual o conhecemos. A infinitude do homem se daria, portanto, através da perpetuação da espécie.

Com o começo do patriarcado, o homem passa a reivindicar o seu papel como único criador, atribuindo a mulher o papel de secundário de simples procriadora e alimentadora do filho. Segundo Aristóteles, a mulher no momento da “fecundação” fornece apenas uma matéria passiva, ficando o homem responsável pelo princípio que dá a vida. Durante muito tempo se considerou o ovário como um homólogo da glândula masculina e que no espermatozóide já existia um homenzinho que seria apenas nutrido e protegido pela mulher. Somente, com a criação do microscópio e, consequentemente, diversas experiências feitas após ele, se passou a aceitar uma diferenciação entre os gametas masculinos e femininos. Mas ainda assim, Hegel afirmava existir uma diferença entre os dois sexos, onde um seria ativo (masculino) e o outro seria passivo (feminino). Na atualidade (aplicada aqui ao período no qual a obra foi escrita), pesquisas feitas acerca da partenogênese mostram que a presença do macho pode ser restringida a um simples agente físico-químico.

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