Contato:

Informações sobre o grupo de estudos: Liberdade e Ambiguidade - Compreendendo Beauvoir, ou em caso de dúvida, ou qualquer outra manifestação sobre o que aqui for abordado, mande-nos um e-mail: leabeauvoir@gmail.com
Sintam-se à vontade para comentar os tópicos do blog.
Nos siga no twitter onde você será avisado acerca de nossas atualizações: http://twitter.com/leabeauvoir

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O Pensamento de Direita Hoje - Capítulo 5

MISSÃO DA ELITE

Como vimos anteriormente em "A História" a burguesia exalta uma moral da ataraxia¹ que serve apenas a si mesma, pois ao mesmo tempo em que condena a história, o burgues busca, por outro, salvaguardar para si "o momento da História que o privilegia", isto é, diviniza-se e exalta "Formas, Ideias, Valores que transcendem a História e precisam ser defendidos". Lógico que estes são os que lhe servem.

Vê-se aqui algo já exposto em capítulos anteriores - ora em entrelinhas, ora mais em voga - o platonismo,o idealismo proferido pela "elite". Criticam aqueles que buscam mudanças políticas que vão de encontro com as ideias que proclamam ser universais: não se devem confrontá-las.

Mesmo assim, ainda defendem uma tese em comum: a do pluralismo. Declamam tal tese com vigoroso clamor a fim de defender seus interesses. A diferença é comum, dizem, não se pode exigir condições iguais para pessoas distintas. Com isso tentam justificar um pessimismo histórico que visa atacar a qualquer possibilidade de combate. Fazem sistemas confusos para explicar esta distinção e justificá-la a tal ponto que faz com que não parecem de fato opressores, fazendo o oprimido sentir-se em seu lugar, camuflando esta opressão.

Beauvoir mostra o argumento de Spengler - que se distingue daquele de verdades universais - mas que ainda assim defende os interesses burgueses. Spengler anuncia que "não há verdades eternas", mas que "o único critério de uma doutrina é a sua necessidade para a vida". Ora, Beauvoir concorda que ele é mais coerente que os demais, pois ele percebe que um pensamento que exalta o pluralismo para se justificar se contradiz com critérios que se querem universais. O que ele faz, aponta Beauvoir, é "substituir o ideal de universalidade pelo reconhecimento de uma multiplicidade de verdades"; o que a burguesia faz, todavia, é impor a sua verdade e camuflá-la como a melhor, segundo o que foi dito no fim do parágrafo anterior.

Em um parágrafo de extrema ironia, Beauvoir fala como se fosse um burgues cínico, que admite que a "civilização burguesa ocidental é a única a que estamos substancialmente vinculados", e que esta civilização não implica em progresso algum, onde o futuro nada significa, é um conceito vazio. A única coisa que interessa é a Forma à qual estão vinculados, apenas o seu presente. A ameaça de decadência que sofrem, isto é, o comunismo, não possui "promessa de uma forma nova". Além de si mesma "tudo é noite e silêncio. Preocupemo-nos, pois, com a Europa, com o Ocidente: nada mais no concerne".

Beauvoir ainda nos fala da concepção de Jaspers, que confirma o que Spengler diz. Jaspers diz que existe uma pluralidade de verdades, as quais se comunicam entre si por conta de certa relação com o Ser, o Trascendente, e que só podem ser vividas em separação, pois a verdade de cada um se choca com a de outrem, e é por ela que "venho a ser eu mesmo; ela não é única, porém é a única e insubstituível enquanto está em relação com outrem". Dito isto, Beauvoir mostra que há aí uma exaltação de uma moral ue privilegia o "ser si mesmo", o abrir-se ao Transcendente assumindo minha finitude, em vez de buscar ultrapassá-la. Mais uma vez irônica, Simone diz: "Portanto, meu dever de burguês ocidental é querer incondicionalmente a civilização burguesa ocidental".

Conclui, então, a autora francesa que o burguês quer mostrar-se como única possibilidade de salvação, porém, mostra a filósofa, essa salvação se operará contra as massas, pois o burguês as vê como "elementos de dissolução" que "desintegram as ordens, provocam os cismas, negam o Transcendente e esvaziam a realidade humana de sua substância" que logicamente só se salvaguarda no próprio burguês. Por meios das massas "tudo se perde e nada se cria". Tudo isso possui como consequência o desprezo pelas massas a ponto de renegar a cada um que a compõe o nome de homem, que culminará em uma exclusão dela como agente histórico se operando também aí um desligamento dela dos campos de valores ético e estéticos, os quais a autora tomará nos capítulos que se seguem.

2 comentários:

  1. Ei Lucas... Muito massa teu resumo!. Olha, este blog tem me despertado muito interesse na simone! Como vcs mesmo indicaram comprei os livros e estou adorando!

    :-)

    ResponderExcluir
  2. É muito bom ler Simone, pena que ela é muitas vezes ignorada pela academia.

    ResponderExcluir