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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O Pensamento de Direita, Hoje. - Capítulo 10 (Parte 2)

A Vida dos Eleitos

Simone de Beauvoir declara que os mitos burgueses envelheceram um pouco, e que "as velhas hierarquias estremecem, a ordem do mundo está incerta, a honra desfalece". Sendo assim, o burguês, o homem de direita, o "Eleito", volta-se a um solipsismo, vendo que suas instituições sucumbem.

"Cética, e não mais bem-pensante, a literatura de direita se fecha, pois, no subjetivismo." Veem o amor não como uma união, uma comunicação, e sim como uma solidão. O amante está encerrado em seus delírios, pensa o burguês que o amor só concerne a si próprio. Este sistema se estende a todas as relações humanas. "A única preocupação do Eleito será pois o culto do seu 'eu'". Ele quer cultivar as suas diferenças, é isso que faz dele privilegiado, ele quer se sentir superior. "(...) trata-se de não se assemelhar aos outros." Pretende ele, segundo Beauvoir, levar uma vida sem conteúdo.

Porém é impossível viver na pura interioridade, segundo a autora, de certa forma essa interioridade se externará, pois não pode ficar no vazio, precisa preencher-se de objetividade. E é na literatura que muitos buscam a saída. Em uma literatura que se pretende "não comprometida". "Eles querem uma literatura que se mantenha fora do mundo, que os ajude a dissimular, a negar, ou pelo menos a fugir da realidade." E mais: "uma vida sem conteúdo exige evidentemente livros sem conteúdo."

Beauvoir neste ponto deste capítulo assemelha-se a Beauvoir de "Por uma moral da ambiguidade", quando critica a impossibilidade de manter-se em um patamar de "escrever descomprometidamente". Também quando afirma: "Em suma, eles não conseguem levar até o fim o seu solipsismo, nem escrever um livro sem conteúdo."

A autora ainda acrescenta à sua crítica o fato de o escritor burguês só levar em conta a vida interior. "Fora dela, só procura evadir-se: ou no passado, ou através do espaço, ou no irreal." Eles tratam de nos fazer esquecer deste mundo e de nós mesmos.

A burguesia também evoca um "naturalismo", pretendendo encerrar o homem em explicações baseadas na natureza. Pretendendo também justificar sua posição privilegiada. Porém a autora nega a validade dessa concepção.

E assim Beauvoir encerra neste último capítulo sua crítica ao pensamento de direita do seu tempo, onde podemos ver conexões com pensamentos de outros livros seus como: "Por uma moral da ambiguidade" e também o "O sangue dos outros", no que concernem a seu pensamento ético-político.

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