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sexta-feira, 2 de julho de 2010

O Pensamento de Direita Hoje: Capítulo 1 ( Resumo)

SITUAÇÃO ATUAL DO PENSAMENTO BURGUÊS


Antes de começar o resumo propriamente dito, é preciso salientar uma coisa que a própria Simone de Beauvouir esclarece em sua primeira nota, que para compreender o alcance das várias citações que ela faz e conseguentemente compreender melhor a idéia geral do resumo, é bom ter em mente que para o pensador de direita é o privilegiado que tem verdadeira existência; quando se fala do homem, da civilização é do burguês e da burguesia. Quanto aos não privilegiados, eles são ordinariamente chamado de as massas.

Outro ponto que é importante também salientar é a grande quantidade de personalidades que a autora cita. Alguns nos são bem conhecidos, nem que seja apenas por nome, como: Marx, Lênin, Salazar. Mas outros não os são, como: Klages, Denis de Rougemont, Drieu de la Rochelle, Spengler e por aí vai. Mas o foco do resumo é transmitir a idéia que Beauvoir quis passar com seu texto e não a grande quantidade de nomes que a autora cita.

E lembrando, o texto é de 1955.

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" A verdade é una; o erro múltiplo. Não é por acaso que a direita professa o pluralismo. As doutrinas que o exprimem são bastante numerosas para que sejam todas examinadas aqui seriamente. Mas os pensamendores burgueses - que proíbem a seus adversários de utilizar os métodos de Marx se não aceitam em bloco todo o sistema deste - não vacilam em mesclar com ecletismo as ideias tomadas de um Spengler, de um Burnham,  de Jaspers e de muitos outros. Este amálgama constiyui o fundo comum das ideologias modernas de direita. E é ele o objeto deste estudo" Simone de Beauvoir no prefácio de O Pensamento de Direita, Hoje.
A SITUAÇÃO ATUAL DO PENSAMENTO BURGUÊS

Tudo que é vivo morre, e tudo que começa é natural que se deduza que também haja um fim. Porém, muitos temem o final de uma situação, o burguês tem medo de um dia esse fim que várias civilizações conheceram ele mesmo possa vir a conhecer. É esse pânico de um dia findar-se que pode ser claramente visto em seu próprio pensamento. E para tentar retardar este fim agora pensa a vida em termos de destino e não mais de liberdade.

Há tempos este fim é previsto e tem sido entoado e mais difundido com o fim da Primeira Guerra Mundial, em que o otimismo burguês foi abalado, o 'perigo operário' passou a ser mais notado. No início do século XX, o cenário burguês não era mesmo muito otimista: a livre concorrência e as contradições do capitalismo passaram a ser conhecidas por ele próprio. As crises, as guerras fizeram com que se notasse que não haveria uma nova idade do ouro; a burguesia passa a duvidar de suas próprias ilusões, a prever terríveis apocalipses, misturando sua sorte com a do mundo, com a humanidade inteira. O fim enfim era admitido como uma possibilidade, era a liquidação da burguesia como classe; mas eis que ainda havia uma esperança: o fascimo. Era necessário fazer tudo ou nada.
Mas esse necessário foi em vão, a burguesia amarga a derrota do fascimo; suas dúvidas estão expostas diante de si tirando seu sono. A burguesia não é a civilização e quem não faz parte dela e não reconhece a hegemonia estadunidense, estão prestes a criar uma nova. Agora o burguês sabe responder qual bárbarie seguirá ao seu fim: o comunismo.

Tenha em mente que este texto é de 1955 e o comunismo era a quinta parte do mundo. Hoje, sabemos que o comunismo deixou de estar em ascenção para estar em extinção.

Contra o comunismo a burguesia dispunha ou da bomba ( que era radical demais) ou da cultura ( que é pouco demais). As ideologias de direita contemporâneas são elaboradas sob o signo da derrota, conservando o idealismo e ignorando as resistências do mundo real, negando a luta de classe. O pensmento idealista do burguês é confirmado por sua atitude idealista. O teórico burguês não mais se defende, mas defende-se contra o comunismo, embora sem esperança, pois a morte de seu sistema ele própria já anuncia. Suas justificações são contraditórias, é vítima de si mesmo, mas tenta conservar-se entre os privilegiados, porém não há mais como negar os que não são.

O burguês ocidental tem que admitir o óbvio: não é absoluto, há outros homens no mundo. Como enganar-se sobre a existência destes homens? A burguesia expõe seu pensamento de maneira universal, seus interesses são de todos que estão com ela dividindo o mundo, assim protegendo seus privilégios contra o resto. Na burguesia há os 'os ideólogos ativos' que são intelectuais visto pela própria direita com desconfiança, pois suas criações ideológicas são preservadas por eles com muito afinco e o proletariado desconfia destes por serem burgueses.

A burguesia sente-se desamparada, os estadunidenses tem armas para se defender, na Europa é preciso mais, é preciso ter um pensamento que faça os outros defenderem os interesses dela, como se fosse deles próprios. Para o pensador burguês é melhor que a humanidade seja condenada do que se pôr em discussão.

3 comentários:

  1. Que massa esse resumo! Legal saber a sobriedade que ela tinha! Muito bom o texto!

    Passei pouco tempo na filosofia... E nesse pouco tempo não deu tempo ler nenhuma obra dela... Vou procurar um livro para ler...

    E aí? Para marinheiros de primeira viagem nessa autora, qual livro devo ler primeiro?

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  2. E aí, grande George. Cara, eu te indico dois livros, um romance (O sangue dos outros) e um de filosofia (O existencialismo e a sabedoria das nações).

    Esse romance é interessante por estarem presentes nele diversos elementos filosóficos, políticos e históricos que envolvem o pensamento da Simone.

    Esse de filosofia é bom para um início de estudo por se compor de quatro textos publicados pela autora na revistas Les Temps Modernes, e versa sobre as bases do próprio existencialismo, da literatura, da política e da moral. Já até fizemos e publicamos aqui no blog o resumo deste livro.

    Abraços.

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  3. Diz George sumido. heheheh

    Concordo com as dicas de leitura do Nog e nessa lista indico "Pirro e Cinéias" que é o primeiro ensaio filosófico dela e que muito é ecoado em "O Sangue dos Outros".

    Pelo menos aqui no Brasil e até onde eu saiba, "Pirro e Cinéias" vem na edição do livro "Por Uma Moral da Ambiguidade". Mas eu recomendo, "Pirro e Cinéias" também é uma ótima forma de se iniciar na Beauvoir.

    Opa, e agradeço por ter gostado do resumo \o/

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