Valor e Privilégio
A ordem que favorece a Elite não poderia ser mais clara: o que conta não são os homens, mas uma realidade acima dos homens numa sociedade hierarquizada. Evidentemente é nessa realidade sobre-humana que a Elite se encontra; e para se encontrar ou alcançar uma verdade, deve-se aceitar essa hierarquização. É a utilização da máxima "igualdade na diferença" que os privilegiados fazem valer, acontece é que esses diferentes não se sentem iguais e é a indisciplina destes que os fazem cair na massa, que por sua vez não possui uma existência ligimitizada aos olhos da Elite. O pensamento excludente entre massa e valor continua.
A Elite pretende se apoiar em valores universais onde poucos são os que detém tais valores. Aqui poderia se pensar: Que valores? Valores vitais, espirituais ou materias? E sendo materiais, não seria indigno? Ingênuo aquele que pensa ou quer que a virtude tenha um fim em si mesma, que o sábio ou o héroi não reclamem salários maiores por guiar os outros; que os políticos não queiram privilégios por estar no poder.
É pela idéia de mérito que a burguesia une a iéia de valor com a de gozo. Scheler diz que tais valores de prazer não são dados pela "justiça", mas pelo valor de vida. Ou seja, tal classe de privilegiados podem desfrutar-se do ócio e de sua liberdade burguesa justamente por possuirem uma virtude superior, um privilégio, de fato.
Entretando, ao injetar nesse sistema tal materialidade, pode-se pensar por qual motivo sagrado essa dependência empírica dos Eleitos não se aplica aos outros homens? Jaspers tentar responder tal dúvida afirmando e proclamando uma "nobreza da humanidade" em tais privilegiados; o Transcedente exige uma sociedade hierarquizada e se os privilegiados não possuirem o controle econômico sobre a coletividade, correriam o risco de se massificarem. Simone de Beauvoir retruca sarcástica: "O sistema é por demais coerente: tem a coerência de uma tautologia."
O que realmente difere o Eleito dos outros homens é justamente seu valor que tem como fundamento esse seu privilégio. O privilegiado tem um forte instinto de conservação e pretende justificar e perpetuar sua condição, mesmo que tal pensamento não se sustente por si só.
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