A Moral
Beauvoir começa nos dizendo que num período anterior a guerra, a moral da direita se apresentava muito mais heróica, onde o homem atuante na Historia é o herói. Essa atuação que estabelece a verdadeira comunicação entre os homens acontece por meio da violência, da guerra. Dessa maneira, percebemos que o homem se afirma por meio da guerra, da destruição do próximo; dessa forma é que a existência de realiza. Afirma Drieu: “Nada se faz senão com sangue.”.
Entretanto, todo o sangue derramado não mais serviu para afirmar a existência, uma vez que não se prega mais o heroísmo, mas sim a sabedoria. Sendo assim, Jaspers ao conceber um espiritualismo burguês, através de um encontro do homem com ele mesmo, entrega a elite do pós-guerra uma moral pratica diferente daquela filosofia do Transcendente. “O herói moderno, enquanto mártir, não pode ver seu adversário, e ele mesmo permanece invisível no que verdadeiramente é.”, dessa maneira, o herói deixou de ser herói e passou a ser mártir. Segundo Jaspers, o questionar-se a si mesmo é transcendente e nos remete a existência de fato; assim, a autenticidade é uma maneira de ultrapassarmos para o Transcendente. Dessa maneira, manter laços com a raça, com o país, com as tradições, representaria uma forma de se realizar.
Segundo Braspart, algumas individualidades permanecem impossíveis de serem vencidas por meio da razão, nada se conseguindo contra elas. Da mesma forma afirma Claude Elsen que o único compromisso que o indivíduo possui é aquele que se estabelece consigo mesmo. Assim, muitos desses indivíduos insubstituíveis sonham com um corpus mysticum.
A única resposta possível a pergunta “ser si mesmo?” será a de que devemos sempre nos diferenciar a partir de nossa finitude singular. Ser si próprio, assim como ser livre representam a mesma coisa, logo, para o europeu a liberdade significa tão somente a de realizar-se, de buscar-se, de diferir-se.
É preciso, entretanto, entender que o sentido da palavra indivíduo está profundamente voltada para o sentido de pessoa: “(...) o indivíduo é insubstituível (...)”; assim o que se busca não é a realização da humanidade em geral, mas do indivíduo. Imaginava-se que esses indivíduos estariam encarregados de uma vocação, mas no mundo moderno, o conceito de vocação teria perdido toda a sua honra em meio aos horrores da guerra.
Beauvoir salienta os privilegiados sempre reivindicam aquilo que lhes é vantajoso, mas nunca aquelas diferenças que são desvantajosas, uma vez que nunca se reclama a miséria ou a escravidão. Falar de um passado onde os oprimidos eram honrados por uma vocação que de certa forma lhes era imposta, é na verdade uma piada de muito mal-gosto. Assim, afirma Aléxis Carrel, que a organização dos negócios, bem como da produção em massa só tende a diminuir o desenvolvimento da pessoa humana.
Finalmente, intelectuais europeus como Rougemont e Jaspers afirmam que só os eleitos conseguem se realizar como pessoa, através de sua resistência à massa: “Atribuir a todos os homens a dignidade de uma pessoa, seria estabelecer sua igualdade, seria o nivelamento, a uniformização, o socialismo.”. Dessa forma, fica claro que se trata aqui, ainda, de uma negação das massas em favorecimento das elites.
Gostei muito Débora. Ficou muito bem explicado e claro. Acho que os resumos do blog estão cada vez mais melhorando. Gostaria de ler a opinião dos demais que vêem o blog.
ResponderExcluirQue bom Nog!!! Tenho um sério problema com as coisas que escrevo...Nunca acho que estão bons!!! =D
ResponderExcluirObriigada!!!!
Muito bom!
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