A Vida dos Eleitos
"Os eleitos excluíram do seu universo espiritual o resto da humanidade; ei-los entre si: que maravilha irão fazer de si mesmos?" Segundo a citação, uma vez que os membros da burguesia optaram por ignorar a existência da humanidade, Beauvoir nos propõem que analisemos de que maneira se comportam entre si. Sendo assim, a existência dos membros ativos da burguesia não se encontra na ação, antes sim em fins empíricos voltados para seus próprios interesses. A luta destes se apresenta muito mais negativa do que conquistadora, desta maneira a moral burguesa se encaminha para um comodismo que é justificado pelo pensador burguês através do catastrofismo histórico, que nada mais é do que o Apocalipse.
Muito embora a História esteja condenada por esse pessimismo, esses mesmos pensadores, a partir de uma visão otimista, afirmam que o universo é bom. Em suma, usa-se esse argumento como forma de ignorar o que se encontra ao redor dele: a pobreza de muitos. Se ignorar se tornou inviável, resta ainda suportar como afirma Montherlant: "Com que espírito podemos suportar - nós, os felizes - a miséria do mundo? Assim como suportamos que seja noite em New York à hora em que há sol em Paris.". Essa dialética de que a pobreza do homem representa a sua maior riqueza permite que a direita detenha a História, fazendo com que o escravo acredite que já é senhor e por esse motivo não necessita se tornar aquilo que "já é".
Como nos fala Pingaud: "O consentimento é o contrário da conquista." e o homem que consente não se define por sua ação por que este não faz nada, não luta por nada; e com isso o homem limita-se apenas a constatar a História sem dela fazer parte. E com isso a dita sabedoria burguesa propõe que a única opção existente é aceitar as coisas sem lutar, sem questionar. Assim, para os intelectuais burgueses o indivíduo é algo distinto de seus atos, estando sua verdade contida em outra coisa.
O homem de elite, acreditam ele, é nobre por uma graça inata, portanto, quando busca algum fim é unicamente com intuitos egoístas: ações aparentemente desinteressadas escondem pretensões egoístas. Dessas pretensões podemos destacar a figura do chefe carismático, que comanda suas tropas, mas que triunfa pela ascendência da sua personalidade não por demagogia.
Declara Thierry Maulnier: "O direito de errar é o direito fundamental do ser humano, e envolve todos os outros.". Todo aquele que acredita na importância dos seus fins, tem o fracasso como uma desgraça, tendo como possibilidade de salvação apenas uma reparação objetiva. A verdade é que o direito de errar não se encontra contido neste mundo empírico, mas num plano subjetivo. Entretanto, esses erros representam faltas políticas que custaram vidas humanas.
Esse subjetivismo burguês permite que o homem de elite não necessite prestar contas a ninguém e a falta de ação exige dele uma certa conduta: "Que lei seguirá essa conduta?".
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