O ANTICOMUNISTA
Neste capítulo, Simone de Beauvoir tem como intenção mostrar de que modo o anticomunista nega a realidade do proletariado. Basicamente, sua fórmula se opera por meio de diversos reducionismo.
O anticomunista reduz o homem a um subjetivismo que nega sua realidade material, assim como as necessidades advindas daí, não há uma necessidade de certas situações, o que os faz derivar a uma concepção de que o comunismo não passa de uma convergência de vontades movidas por sentimento éticos ou afetivos. Desta forma, tornam, através de um psicologismo, o proletário um ressentido. Com isso, retomam Nietzsche, que diz ser o fraco possuído pelo desejo de vingança, pelo ressentimento.
Scheler, outro defensor da burguesia, aponta no socialismo um ressentimento contra Deus e contra a porção divina que há no homem, e retomando o que diz Rathenau, a noção justiça erguida pelos fracos não passa de inveja, onde querem baixar ao seu nível aqueles que lhes são superiores.
Outros autores tomam uma via psicanalítica e diagnosticam no proletário um complexo de inferioridade; a luta de classes, então, não passa de um profundo instinto de auto-avaliação, que tem início em um frustração que logo dá espaço à neurose e que finda em uma revolução, a qual nada mais é do que uma reação compensatória para seu complexo de inferioridade.
Simone de Beauvoir, logicamente contra tais argumentos, toma como exemplo que recorrerá frequentemente o autor de Sociologie du communisme, Monnerot. Para esse autor, a luta de classes se reduz a um conjunto de reações psíquicas cuja origem é o ressentimento.
Beauvoir percebe a contradição de Monnerot quando ele diz que o ressentimento do proletário é "historicamente necessidade", já que só é necessário o que é real, e se o proletário pode tomar consciência dessa realidade e evocar uma revolução, acaba-se por aniquilar um fundamento válido para tal psicologismo.
O anticomunista se obstina em dizer que a Causa - como chama o comunismo - apenas persegue o poder, que suas intenções são dissimuladas, querem o fim do capitalismo não para o bem comum, para para si próprio. Elevam tal argumento fundado no maquiavelismo.
Assim, o anticomunista reduz todaos os problemas dos homens em questões imaginárias. Então, querem curá-los com doses de ideias, porém, ele não dá um conteúdo concreto para tais ideias, não há aqui uma reflexão sobre a realidade; fazem como os norte-americanos, que tentam convencer de que aquele indivíduo não é um proletário, mas um cidadão americano. Beauvoir, contudo, contesta afirmando que é preciso transformar é a situação em que vivem.
Monnerot compreende o intuito de Marx não como uma preocupação ética, mas como um impulso irracional, enquanto Scheler vê no comunismo um humanitarismo que se ergue sobre um ódio contra a família, o meio e à pátria. Cada qual com sua interpretações, diversos anticomunistas vêem o marxismo sob um fundo religioso que insufla as massas, um domínio sobre as almas: é um messianismo.
Thierry Maulnier questiona porque toda revolução implica em um terror. Aponta as fontes destes no medo e na vontade de poder, dizendo que no fundo inconsciente coletivo se ergue o aparato da justiça revolucionária.
O que podemos ver e que bem expõe Simone de Beauvoir, é que há aqui uma redução do marxismo a um fenômeno psicossociológico sem nenhuma significação, onde buscam apontar o marxismo como uma religião sem divindades e dogmas, mas com sacerdotes maquiavélicos, o que serve de instrumento à Causa.
Por conta de tudo isso, o burguês não consegue compreender como é possível haver intelectuais de esquerda, já que não são nem deserdados e nem manifestam qualquer vontade de poder. Para se salvaguardar a isso, o anticomunista adapta aqui o ressentimento, onde o intelectual de esquerda se sente isolado, não ocupam locais importantes, o que faz com que odeiem a burguesia e a si mesmos.
O anticomunista ainda diz que o intelectual odeia os burgueses, toma deste sentimento apenas o aspecto negativo. Não percebe, porém, que esse ódio é resultado de um sentimento positivo de amor ao povo. O anticomunista só encherga um complexo de inferioridade.
Segundo Monnerot, os comunistas tentavam atrair para a Causa os cientistas que podiam fabricar a bomba atômica. Usavam, então, métodos psicológico e pretextos religiosos, morais e metafísicos. Queriam insuflar um imperativo moral nos cientistas. O anticomunista também diz que para isso os comunistas ofereciam aos cientistas promessas relativas aos seus pontos fracos, sendo tal ação o ponto forte do comunismo. Contudo, diz Simone de Beauvoir, como a exploração dos vícios e fraquezas poderia despertar no cientista um imperativo moral?
Sem respostas, voltam aos argumentos sociológico-psicanalíticos.
Por fim, Beauvoir mostra uma outra teoria, a de Arthur Koestler, em que, baseando-se em uma fisiologia barata, ele diz que o intelectual se vincula à esquerda por uma "fadiga das sinápses". Sua consciência foi tão violentada que os impulsos não mais passam corretamente pelas células cerebrais.
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Este foi o resumo do 2º capítulo do livro "O pensamento de direita, hoje", intitulado de O Anticomunista. Espero que tenha sido claro e eficaz.
Ei Lucas... Parabéns pelo excelente resumo e obrigado pelas dicas de livros!!!!
ResponderExcluir:-)
Onde posso encontrar esse texto?
ResponderExcluirEsse capítulo faz parte do livro 'O Pensamento de Direita, Hoje' que é encontrado em sebos. Dê uma olhada no site 'Estante Virtual' e pesquise pelo livros. O preço é variado mas eu comprei o meu por 5 reais.
ExcluirE uma curiosidade é que este livro 'O Pensamento de Direita, Hoje' é um capítulo de um livro de nome Privilèges que possui 3 ensaios: 'O pensamento de direita, hoje' (que saiu aqui como um livro solo, 'Deve-se queimar Sade?' (que é encontrado aqui num livro com novelass do Sade e um que eu nunca encontrei em português: 'merleau-ponty et le pseudo-sartrisme'.