Artigo II: O Idealismo Moral e o Realista político
Parte final
Páginas 66 até 77.
Na parte final deste artigo, Simone de Beauvoir prossegue com raciocínio, uma vez que já demonstrou anteriormente, o motivo do realista não chegar a lugar nenhum quando se utiliza do pretexto "de se ultrapassar num passo firme" - palavras utilizadas por ela-, já tendo em vista seu carater oportunista. Contudo esse realista tem noção das consequências de seu comportamento, mas espera escapar, unindo a contradição dos meios e fins.
Numa ação política o indivíduo passa a sua ação de si para a coletividade. O que talvez possa parecer uma perda de individualidade, não é, uma vez que a liberdade de um, passa pela liberdade do outro, mas sem oprimir ninguém, pois então, teríamos uma opressão. A coletividade é formada por os indivíduos que participam desta, onde todos são igualmente reais; o presente é o instante, uma sucessão desses instantes é o futuro, que não é fixo, ao contrário, é transitório; já que depende desses instantes.
O realista enxerga a totalidade como una e reduzida, considerando o futuro algo imutável, um fim fixo aonde se chegar. Nesse aspecto, prossegue Beauvoir, torna-se aceitável sacrificar algumas vidas em nome de uma humanidade, o presente em nome de um futuro; um milhão tendo em vista o infinito. Esse é pensamento do realista que adota um pensamento material e quantitativo, numerando vidas numa pura miragem matemática. Acontece que o valor não é dado pela quantidade, depende de uma decisão humana e matando um milhão, haveria um milhão de mortes de indivíduos únicos e igualmente reais.
O futuro depende do presente de cada um, que é definido pelos projetos do indivíduo, ou seja, presente e futuro estão juntos e unidos nesse projeto, que por sua vez tem a capacidade de definir o presente, já que as ações são moldadas para a realização do mesmo, fazendo que nessa ação contenha o impulso para a realização. Nessa escolha a realidade passa a ter um valor.
Exposto tal pensamento, o político não pode se privar de fazer suas escolhas ( onde não há respostas prontas), e ao estar livre de qualquer tabu ou valores estabelecidos, vai assumir-se como liberdade e será mais autêntico. A moral tem se afirmar na sua verdade e percebendo sua essencialidade, tudo seria submetido à ela; que está longe de ser um conjunto de valores, mas é um movimento que o homem verdadeiramente moral faz por sua conta. Torna-se evidente, que o homem deve se livrar de antigos valores e ao tomar consciencia de si, tomará suas decisões por si só.
Caso tenha-se em mente que na existência humana tudo é contigente, o homem moral deve passar essa contigência ao necessário. Aplicar um sentido nas escolhas, em cada ação deve haver nela mesma sua justificação.
Há uma critica a moral clássica, pois as pessoas apenas acreditam na mesma, não procuram ir ao âmago dela, ou questioná-la. Poucos ousam se libertar dessa moral, pois ao assumir-se como seres livres, aparece a responsbilidade de seus atos e ações. Porém, Simone de Beauvoir acreditava que estaria no tempo do homem assumir sua condição de livre, fazendo a moral ter a sua verdadeira aparência, quando o homem justifica suas ações. O homem nessa situação é mais realista, do que os proclamam ser, a verdadeira realidade é aquela afirmada em suas próprias razões; moral e política neste ponto se fundem. Ao reconciliar moral e política o homem se reconcilia consigo mesmo, contudo é mais uma vez resaltado que ele largará sua antiga segurança.
O idealismo não procura se envolver com os defeitos do indivíduo, porém não existe uma realidade ideal ou pura. O moralista só gostaria de atuar por meios que em si também fossem morais, algo impossível, pois não se pode salvar tudo. Beauvoir salienta que o fim e o meio formam uma única totalidade que não pode ser desfeita, e a cada instante é preciso que seja refeita. Não importa qual decisão política seja tomada, por quem que seja, ela sempre encontrará quem não concorde e quem poderia sair "ferido" em tal decisão.
Termina-se o artigo, afirmando que não se pode fugir da liberdade, pois nessa fuga, acabará por si perder. E ao assumir-se livre, estará efetivamente no mundo, uma vez que este passa a ter um sentido. E por conseguinte será a única política válida: esse movimento do indivíduo para o próximo, não o oprimindo e tendo consciencia de suas escolhas, justificativas e responsabilidade.
Parte final
Páginas 66 até 77.
Na parte final deste artigo, Simone de Beauvoir prossegue com raciocínio, uma vez que já demonstrou anteriormente, o motivo do realista não chegar a lugar nenhum quando se utiliza do pretexto "de se ultrapassar num passo firme" - palavras utilizadas por ela-, já tendo em vista seu carater oportunista. Contudo esse realista tem noção das consequências de seu comportamento, mas espera escapar, unindo a contradição dos meios e fins.
Numa ação política o indivíduo passa a sua ação de si para a coletividade. O que talvez possa parecer uma perda de individualidade, não é, uma vez que a liberdade de um, passa pela liberdade do outro, mas sem oprimir ninguém, pois então, teríamos uma opressão. A coletividade é formada por os indivíduos que participam desta, onde todos são igualmente reais; o presente é o instante, uma sucessão desses instantes é o futuro, que não é fixo, ao contrário, é transitório; já que depende desses instantes.
O realista enxerga a totalidade como una e reduzida, considerando o futuro algo imutável, um fim fixo aonde se chegar. Nesse aspecto, prossegue Beauvoir, torna-se aceitável sacrificar algumas vidas em nome de uma humanidade, o presente em nome de um futuro; um milhão tendo em vista o infinito. Esse é pensamento do realista que adota um pensamento material e quantitativo, numerando vidas numa pura miragem matemática. Acontece que o valor não é dado pela quantidade, depende de uma decisão humana e matando um milhão, haveria um milhão de mortes de indivíduos únicos e igualmente reais.
O futuro depende do presente de cada um, que é definido pelos projetos do indivíduo, ou seja, presente e futuro estão juntos e unidos nesse projeto, que por sua vez tem a capacidade de definir o presente, já que as ações são moldadas para a realização do mesmo, fazendo que nessa ação contenha o impulso para a realização. Nessa escolha a realidade passa a ter um valor.
Exposto tal pensamento, o político não pode se privar de fazer suas escolhas ( onde não há respostas prontas), e ao estar livre de qualquer tabu ou valores estabelecidos, vai assumir-se como liberdade e será mais autêntico. A moral tem se afirmar na sua verdade e percebendo sua essencialidade, tudo seria submetido à ela; que está longe de ser um conjunto de valores, mas é um movimento que o homem verdadeiramente moral faz por sua conta. Torna-se evidente, que o homem deve se livrar de antigos valores e ao tomar consciencia de si, tomará suas decisões por si só.
Caso tenha-se em mente que na existência humana tudo é contigente, o homem moral deve passar essa contigência ao necessário. Aplicar um sentido nas escolhas, em cada ação deve haver nela mesma sua justificação.
Há uma critica a moral clássica, pois as pessoas apenas acreditam na mesma, não procuram ir ao âmago dela, ou questioná-la. Poucos ousam se libertar dessa moral, pois ao assumir-se como seres livres, aparece a responsbilidade de seus atos e ações. Porém, Simone de Beauvoir acreditava que estaria no tempo do homem assumir sua condição de livre, fazendo a moral ter a sua verdadeira aparência, quando o homem justifica suas ações. O homem nessa situação é mais realista, do que os proclamam ser, a verdadeira realidade é aquela afirmada em suas próprias razões; moral e política neste ponto se fundem. Ao reconciliar moral e política o homem se reconcilia consigo mesmo, contudo é mais uma vez resaltado que ele largará sua antiga segurança.
O idealismo não procura se envolver com os defeitos do indivíduo, porém não existe uma realidade ideal ou pura. O moralista só gostaria de atuar por meios que em si também fossem morais, algo impossível, pois não se pode salvar tudo. Beauvoir salienta que o fim e o meio formam uma única totalidade que não pode ser desfeita, e a cada instante é preciso que seja refeita. Não importa qual decisão política seja tomada, por quem que seja, ela sempre encontrará quem não concorde e quem poderia sair "ferido" em tal decisão.
Termina-se o artigo, afirmando que não se pode fugir da liberdade, pois nessa fuga, acabará por si perder. E ao assumir-se livre, estará efetivamente no mundo, uma vez que este passa a ter um sentido. E por conseguinte será a única política válida: esse movimento do indivíduo para o próximo, não o oprimindo e tendo consciencia de suas escolhas, justificativas e responsabilidade.
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